quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Autorretrato Ampliado

AUTOR:

Terezinha Pacheco dos Santos Lima - Aluna de mestrado - UFPR Universidade Federal do Paraná.

RESUMO:

As manifestações artísticas acompanham o desenvolvimento humano, desde que se têm os primeiros registros da ação humana no mundo. Esse aspecto relacional, entre o sujeito e a arte, se mostra como algo intrínseco, além de que, por meio dessa relação o sujeito se autopercebe na sua humanidade. Entretanto, outros aspectos desse mesmo movimento se desenham de forma específica para cada sujeito, acolhendo o que ele tem de mais singular. O presente estudo considera que a identidade do sujeito passa por relações que implicam o si mesmo, o outro e o meio vivencial. Com a prática do autorretrato, na concepção ampliada, busca-se identificar a qualidade dessas interações nas identificações desse sujeito, bem como, as relações que permeiam a sua autopercepção e definem sua autoimagem. Fez-se uso como base teórico-metodológica da Afetividade Ampliada, que caracteriza o desenvolvimento humano através da análise inter-relacional entre as categorias identidade e alteridade. A partir deste sistema, buscou-se investigar a constituição da identidade de sujeitos que frequentam o espaço de arte de um centro de atenção psicossocial, e o papel da autopercepção nesse processo. Tomou-se como hipótese que a imagética do pensar, em seu aspecto relacional, do sujeito com o outro, implica significativamente nas identificações e na identidade desse sujeito. Ao ir além do autorretrato convencional, no desdobramento de um autorretrato ampliado, o sujeito engendra um instante imagético, sublinhado pela imagem corporal, colocada a serviço da expressão, tanto da face como de qualquer outra parte do corpo físico ou corpo psíquico, concentrando-se, contudo na expressão da sua subjetividade em relação ao outro. Desse modo, a prática foi organizada em quatro dimensões expressivas: Desenho da Figura Humana, Objeto Encontrado, Ensaio Coletivo, engendrados em tres aspectos relacionais denominados: Encontro, o Ato e o Jogo. Destaca-se a importância do aspecto relacional nos processos de constituição desses sujeitos, de modo que, a qualidade das interações contribua para um desenvolvimento integral dos mesmos.

REFERÊNCIAS:
  • Didi-Huberman, G. (2005). O que vemos o que nos olha. São Paulo: Editora 34.
  • Didi-Huberman, G. (2013). Diante da imagem. São Paulo: Editora 34.
  • Fabbrini, R. (1994). O Espaço De Lygia Clark. São Paulo: Atlas. 
  • Fabris, A. (2004). Identidades Virtuais: Uma Leitura Do Retrato Fotográfico. Belo Horizonte: Editora UFMG.
  • Francastel, P. (1982). A Realidade Figurativa. São Paulo: Perspectiva.
  • Freud, S. (1976). Lembrança Encobridora. Sobre A Psicopatologia Da Vida Cotidiana. Rio De Janeiro: Imago.
  • Gombrich, E.H.( 2008).  A História Da Arte. São Paulo: LTC. 
  • Joly, M. (2007). Introdução A Uma Análise Da Imagem.  Lisboa: Edições 70. 
  • Lacan, J. (1998). O Estádio Do Espelho Como Formador Da Função Do Eu. In: Lacan, J. Escritos. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar.
  • Rivera, T. (2013). O Avesso Do Imaginário: Arte Contemporânea e Psicanálise. São Paulo: Cosac Naify.
  • Wolfflin, H. (2006). Conceitos Fundamentais Da História Da Arte. São Paulo: Martins Fontes, p. 25-83.

Um comentário:

  1. De que modo o auto-retrato pode também ser uma reflexão sobre o ser e o estar? Como através do auto-retrato nos podemos pensar como professores, artistas, investigadores?

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