quinta-feira, 15 de maio de 2014

Prévia: Uma Relação de Ensino e Aprendizagem em Rede

AUTOR:

Leticia Nakano - Instituto de Artes Universidade Paulista "Julio de Mesquita Filho".

CO-AUTORES:

Aline Moreno de Oliveira, Anderson Godinho, André Ribeiro Bontorim, Aryani de Almeida Marciano, Beatriz Ruco, Fabio Kanashiro, Gabriela Tomie Ono Sakata, Iramaya Haddad Battaglia, Isaac de Moraes Neto, Maria Clara N. P. Salles, Raquel Senna, Rita Bredariolli e Vitor Bento Botarelli.

RESUMO:

Abordaremos aqui um projeto artístico/educacional desenvolvido no Instituto de Artes da Universidade Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, localizado na cidade de São Paulo, Brasil. Criado em 2008 por graduandos do curso de Artes Visuais, com o objetivo de abordar os assuntos exigidos na prova de habilidades específicas de artes visuais, o PRÉVIA, curso Pré-vestibular do Instituto de Artes, funciona até hoje, movido pelo trabalho de outros alunos do mesmo curso e de colaboradores externos que se interessaram em continuá-lo.
Seu foco inicial foi nos vestibulares das principais universidades públicas do estado São Paulo. No entanto, diante de questionamentos sobre o papel dos cursos pré-vestibulares como paliativos para insuficiências do ensino básico, sobre o próprio sistema de seleção através do vestibular e sobre ensino de arte, o PRÉVIA foi se configurando como um espaço de reflexão e discussão sobre arte/educação. Tais questionamentos também trouxeram inquietações sobre o estudo e o ensino da arte e da história da arte que geralmente tende, inclusive na nossa própria formação acadêmica, a se restringir a um desfile de artistas, obras e movimentos artísticos, geralmente europeus, ao longo de uma linha do tempo. Apoiado na noção de que a história não é um relato definitivo e acabado, o grupo do cursinho passou a organizar suas aulas pela tessitura de relações, urdida a partir de temas, em um movimento que os aproxima do conceito de “tema gerador”, definido por Paulo Freire (Freire, 1987), sensíveis, portanto, às mais variadas manifestações estéticas existentes e aos contextos que as cercam, recorrendo a imagens e perguntas como disparadores. Essa ação artístico/educacional propõe assim, outros caminhos de construção de conhecimento, condizente ao movimento do pensamento associado à ideia de rede (Lévy, 2010), portanto, não linear e estabelecido em desdobramentos gerados pelo trabalho colaborativo (Damiani, 2008).
Assim se desenhou uma estrutura na qual tanto o planejamento quanto as aulas se caracterizam como um grupo de estudo e de trocas, o que favoreceu a abertura de portas para que se estabelecesse uma aproximação entre a comunidade interna e externa à universidade. As aulas do PRÉVIA acontecem durante o segundo semestre do ano, enquanto no primeiro semestre os encontros são destinados a reuniões de planejamentos, estudos e pesquisas daqueles que são os responsáveis pela organização desse projeto. Nos encontros são levados os assuntos preparados para as aulas em forma de apresentação visual. As aulas acontecem como conversas, pautadas em um “roteiro” derivado desses planejamentos antecedentes. Porém, não o tomamos como determinante, mas como gerador de um debate orgânico. Desse, segue-se uma proposta prática, da qual derivam discussões sobre desenho geralmente relacionadas aos temas abordados teoricamente. Essas experiências e experimentações (Dewey, 2010) carregam a vontade de sinalizar alternativas e outras formas de lidar com o conhecimento e as relações de ensino/aprendizagem.
Buscamos, ao apresentar a história do PRÉVIA, pela análise das concepções e proposta metodológica que o fundamentam, compartilhar uma forma de pensar e estruturar uma ação de ensino e aprendizagem da arte vinculada ao movimento rizomático (Gallo, 2010) da construção do conhecimento em rede.

REFERÊNCIAS:
  • Damiani, M. (2008, Janeiro-Junho). Entendendo o trabalho colaborativo em educação e revelando seus benefícios. Educar em revista, n. 3, pp. 213, 230.
  • Dewey, John (2010). Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes.
  • Freire, Paulo (1987). Pedagogia do oprimido, 17ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • Gallo, S. (2005). Deleuze e a Educação. 1ª. reimp. Belo Horizonte: Autêntica.
  • Lévy, Pierre. (2010).  As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática, 2ª. ed. São Paulo: Ed. 34.

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